8.9.09

A partilha

O berço foi a pior coisa que compramos para Benjamin. Os berços, porque ele tem dois, um normal e um de camping. Desde que me recuperei inteiramente da cirurgia, Ben nunca passou uma noite inteira no berço, e se antes ele dormia a primeira parte da noite lá, hoje nem isso.

Aqui em casa praticamos cama compartilhada, e antes de pensarem comentários sagazes dizendo que vou acostumar mal o menino, vou explicar os porques:

É instintivo. Imaginem uma mamãe de um Ben neandertal, ela não ia colocar o bebê na caverna ao lado, fazer um buraco de comunicação entre as cavernas e levantar-se no meio da noite pra acalentar o pequeno troglodita. Ela com certeza iria preferir protegê-lo dos mamutes malvados com toda a proximidade possível, ou seja: ele compartilhava o mesmo tapete de pele de tigre dente-de-sabre.

É prático. Ben e eu somos complementares. Eu adoro dormir, 10, 12 horas seguidas e ele adora acordar 3, 4 vezes por noite. Agora pensem, se Preguiça é meu sobrenome, eu vou ficar levantando, peitando, ninando, pondo no berço e repetindo esse ciclo ad eternum maénunca! Se eu durmo com as peitchas de fora, Ben sendo o rapaz esperto que é já consegue resolver suas pendências alimentares noturnas sozinho. Se porventura eu esquecer de deixar a fonte sagrada mantenedora de bochechas ao alcance, ele resmunga, eu saco os úberes e ele se satisfaz. Simples.

É seguro. Em todos os sentidos possíveis da palavra. As primeiras noites que ele dormiu na cama comigo, eu ficava me afastando com medo de esmagá-lo caso o cansaço me vencesse. E ele se arrastava até me encontrar. Terminava a noite eu encostada na grade de proteção, ele encostado em mim e três metros de cama pro santo. Moral da história: ele quer você, aceite isso e, gente. As mães acordam com uma tosse do bebê. Com um suspiro. Se você conhece uma mãe que dormiu por cima do bebê e matou-o sufocado, mantenha a receita do diazepan dela bem longe de mim.

E também tem a segurança dele, né. Enquanto ele dormir pregado, nunca vai acontecer dele se esgoelar e eu não acudir, nem dele ter um pesadelo e não me ter ali ao seu lado. Isso vai torná-lo um ser humano mais seguro, mais confiante, e eu vou aprender o valor disso quando ele achar que sim, pode enfiar o dedo na tomada que a mamãe vai protegê-lo do choque.

E por favor, ele não vai "se acostumar e nunca vai dormir sozinho", porque eu dificilmente imagino um Ben adolê voltando da balada lokodibala e pedindo cantinho pra Victor e eu. Quando ele estiver pronto, ele vai dormir na própria cama, no próprio quarto.

E a vida sexual, vocês perguntam? Aí eu vou ficar devendo, porque ainda moro na casa da vó e só tenho um quarto pra Ben e eu, e cá entre nós, trepar no mesmo quarto que seu filho neonato é demais até pra mim. Então se você se compadece da minha situação e quer saber como foder praticando cama compartilhada, contribua com a sojinha do bebê e ajude Nanda e Tuxo a terem um lar para si.

11 comentários:

Anderson Santos 8 de setembro de 2009 às 16:56  

Ê, Victor...

O problema não é agora enquanto está pequeno, o problema é se ele tiver medo de dormir sozinho e ficar até os quatro, cinco, seis anos e por aí vai.

Érika Zemuner 8 de setembro de 2009 às 17:05  

Eu me divirto, juro.

Por coincidência, meu professor de marketing cultural (blé) apresentou esse site da Vakinha semana passada. Mas ele mostrou como forma de nós incentivarmos nossos amigos a incentivar nossos projetos culturais.

Quando alguém resolver empregar uma formada em Letras que não quer dar aula, eu me sentirei honrada em contribuir.

Lu Azevedo 8 de setembro de 2009 às 22:56  

Nanda,

Amei! Olha, daqui pra frente quando alguem me encher os pacová com esse negocio de CC, vou mandar direto pra cá!

Você falou tudo.

Beijos...

Nanda 8 de setembro de 2009 às 23:32  

Andinho, não entendi o "Ê Victor"... E acho pouco provável que ele tenha medo de dormir sozinho, e se tiver, antes disso vamos providenciar um irmão pra ele... aehuehaehu

Harry 9 de setembro de 2009 às 11:31  

Eu também me divirto. Ainda por cima aprendo a como criar um bebê e a saber o que se passa na cabeça de uma mãe como a Nanda. ;D

Mais um pouco e eu me arrependo de ter sido tão pessimista, haha.

Soraya 9 de setembro de 2009 às 12:29  

UAAUHHUhuhuauhahUHUHUhuhuuh
Adorei....
Acho uma dó deixar o bebe lá no quarto sozinho e abandonado no berço frio e escuro...
nhoin imagina acordar com uma coisa buxexuda rindo pra vc!
tudo de bom
uhahuahua
bjus

Lu Azevedo 10 de setembro de 2009 às 05:19  

Ei Nanda, desculpa o nada a ver com o post, mas vc tem o relato do nascimento do Ben? Vc chegou a mandar ele pra lista? Se tiver, manda pra mim, vou adorar le-lo! Beijos...

Shuellen 10 de setembro de 2009 às 16:59  

É, de fato não consigo imaginar ele adolescente indo dormir com você...
Mas fico pensando em quando a Alice vier, vocês vão ter que comprar uma cama enorme hein...
ahahhahahaha
Bijo

Anne 10 de setembro de 2009 às 20:41  

Então... eu não dormia em cama compartilhada. Mas sempre fui medrosa. Muitas vezes eu e meus irmãos migrávamos, já grandinhos, pra cama de casal pra dormir com nossos pais (imagine como ficava, hahaha). Mas o fato é: será que se tivéssemos tido CC teríamos ficado tão inseguros ao ponto de "precisarmos" migrar pro quarto dos pais depois de grandes? Não sei e nunca saberei... Como ainda não tenho baby ainda posso pensar sobre e deixar pra decidir só no futuro. =)

Marcela 10 de setembro de 2009 às 20:44  

é Nanda... concordo e discordo..
Mas a parte mais interessante pra mim foram as doações.. juro que irei me compadecer! Quando for te visitar levarei uma latinha... :)

Fernanda Café 14 de setembro de 2009 às 02:56  

Lu, vou postar o relato de nascimento aqui no blog, estou me preparando emocionalmente pra fazer um post adjacente...