14.12.10

Bêabá

Dizem por aí que menino criado no peito em livre demanda, na cama compartilhada, no sling e na atenção intrínseca é sinônimo de menino independente e seguro de si...

Well, aqui essa teoria foi #fail total. Benjamin é um dos bebês mais inseguros e dependentes que eu já vi, e olha que eu já vi muitos bebês nesse mundão de meu deus. Quer um exemplo? Benjamin tem pavor daquela raquete que frita os mosquitos. Uma vez enfiou o dedão, tomou um choque e desde então não pode nem ouvir o barulho que sai correndo. Seu grito de segurança? "A mamãe taqui". Esse grito é pra tudo que o aflige. A fuguiga mordeu? "A mamãe taqui". Soltaram fogos de artifício a 30km de distância? "A mamãe taqui".

Claro que a lisonja banha minha alma e eu me sinto a pessoa mais importante do mundo, o problema é que só serve a mamãe. Eu não ligo de dar colo, peito, beijos e abraços o tempo todo, aliás, temo pelo dia em que ele não mais os aceitará, mas quando essa dependência torna-se um problema, essa disponibilidade também acaba por tornar-se.

Veja bem: a primeira vez que fomos conhecer a escolinha de Benjamin, ele amou o local. Amou tanto que pediu para ficar em uma das salas, e deixamos enquanto fomos conhecer o restante da escola e interrogar a coordenadora perguntar alguns detalhes. E ele não queria ir embora de lá. Nas próximas semanas, sempre que perguntávamos se ele queria ir à escolinha, a resposta era sim, acompanhada de uma corrida até a porta.

Isso em mente, reservei uma semana livre no meu calendário desempregado horista e vamos que vamos pra adaptação. Mel na sopa, o menino já ama a escola antes mesmo de conhecê-la...

...not.

Vestiu a farda, entrou na escola com mamãe e papai e ABRIU O BERREIRO QUANDO ENTROU NA SALA. Mamãe, que havia ido munida de livro, ipod e mil apetrechos para passar o tempo enquanto marcava presença do lado de fora da sala, teve que entrar e participar de todas as atividades, inclusive do banho e da refeição. Ok, né: primeiro dia. Temos mais 4 pela frente.

Ladeira abaixo. Nos dias seguintes ele foi se recusando primeiro a sair da cadeirinha, depois a vestir o uniforme, faltou fazer greve de fome pra não ir à escolinha. E não é porque ele estava sendo maltratado, nem abandonado, eu estava lá todos os dias, é só que ele já havia percebido que eu não estaria lá todos os dias. E não curtiu a ideia.

Pedia pra mamar de 5 em 5 minutos, eu fui tentando gradativamente ficar longe de sua visão, aparecendo só de quando em quando para que ele tivesse certeza de que eu não o havia abandonado, mas isso só parecia piorar a situação. Acho que a escola também não estava acostumada com mães tão disponíveis para a adaptação, porque não pareciam saber exatamente o que fazer comigo. E esse foi o erro 1 da primeira semana da escola. Vamos a eles?

1) Não saber o seu lugar. Como eu achava que estava ali só como security blanket, não imaginei que fosse dar o banho, dar a comida e trocar as fraldas (aliás, desisti das fraldas de pano na escola porque mesmo com o meu hands on tutorial, as fraldas vinham uma maçaroca triste...). A tia também não parecia saber direito como lidar, se deixava que eu o acalmasse ou se ia acalmar os outros 3 meninos chorando concomitantemente.
O que eu faria numa próxima experiência? Sinceramente, não sei. Acho que a mesma coisa que eu tentei fazer nessa: no primeiro dia, total care. No segundo, só entraria nas horas de desespero. No terceiro, só acenaria da janela. No quarto, só apareceria nas horas infernais, mas mesmo assim, sem entrar. Ou talvez simplesmente largasse o menino lá no mesmo dia, como todas as outras mães parecem fazer (mentira, eu choro até hoje se ele fica chorando na escola. E isso é todo dia). Sério, aquelas adeptas da psicologia gradual não tem um Benjamin em casa.

2) Querer forçar uma rotina nova em pouco tempo. A rotina de Ben antes da escola era a seguinte: acordava, brincava, almoçava, banho, soneca, brincava, janta, banho, dormir. A escola entrou bem na hora da soneca, que teve que ser adiantada. Mas você não muda uma rotina de uma vida inteira em dois dias. Eu achei que sim, e me enganei. Até hoje Benjamin tem dificuldade pra tirar essa soneca antes do almoço, e vai pingando de sono pra escola (o que contribui para o seu mal-humor em relação a ela). Eventualmente cochila lá, ocasionalmente dorme na cadeira do carro e eu o deixo dormindo em um bercinho da escola, mas mais frequentemente, não dorme at all e vira gremlin até a hora da saída.
O que eu faria numa próxima experiência? Bem, eu preveria essa entrada na escola e arrumaria a rotina dele de acordo com isso, desde o começo. Ou no mínimo nos daria mais tempo para adaptar à essa rotina nova.

3) Não conhecer a rotina da escola. Ok, esse não foi um erro que eu cometi, mas estou listando aqui porque pode ser um erro frequente, sei lá. É importante você saber que tal dia eles brincam de massinha, tal dia é o do tanque de areia, e tal dia tem o tio da música e ensinar o menino a gritar TOCA RAUL! Esse reforço positivo ajuda - ou deveria ajudar - a atitude das crianças em relação a escola (ou a qualquer coisa que elas estejam relutantes, exceto dentista e injeções, esses aí é camisa de força mesmo). Digo deveria ajudar porque por mais que todos os dias eu diga "Vamos pra escolinha agora, Beni. Hoje é dia de massinha. Como a tia ensinou a fazer a cobrinha?", todos os dias eu ouço um incessante "quénãoquénãoquénãoquénão" como resposta.
O que eu faria numa próxima experiência? Bem, a mesma coisa que já faço hoje. Que obviamente não funciona. Me ajuda?

E essa foi a verdadeira inserção de Benjamin na escolinha.

9 comentários:

Érika Zemuner 14 de dezembro de 2010 às 22:44  

Deixa ele saber que essa rotina só tá começando e ainda tem vestibular e faculdade pela frente, deixa.

Aline Costa 14 de dezembro de 2010 às 22:49  

Ai, Nanda, não queria nem rir da agonia do bichinho, mas tu é uma onda!
Como você sabe, Bruno chorou umas duas semanas até se adaptar na creche, mas hoje fica feliz da vida.
Vamos torcer pra que Ben passe a gostar mais da escolinha, né?

Beijos.

daniella pontes 15 de dezembro de 2010 às 10:19  

bê-é-bé, bê-i-biCHA bur.. não vou cantar o resto porque isso aqui é (?) um blog de família, mas quem entendeu me add no <3

Dani Franco 15 de dezembro de 2010 às 14:36  

Nossa Nanda, realmente tá pesando a barra aí né...
Clarice ainda não foi pra escola, mas é bem independente, às vezes acho que até mais do que eu estou preparada. Porém, aos 02 anos e 03 meses ainda mama o seu "pu pu", mas me dá tchau e bjs antes deu ir trabalhar e corre pra me abraçar qd volto.
E não teve fórmula além de "calma e paciência". Ela teve a fase de berrar e se agarrar em mim pra que eu não saísse de casa, assim como a fase de "só qué mamãe".
Se posso dar um conselho é esse: "calma e paciência", pq o melhor método é sempre aquele que conseguimos fazer...
Bj e força

Anne 15 de dezembro de 2010 às 14:50  

Nanda, Benjamin não está acostumado com a tua ausência. Que aflição... Vc "mimata" se eu disser que não sei o que fazer?

Meda do futuro com minha bb chicletinho desde sempre... só serve a mãe, ever! Ela só tem 6 meses, mesmo assim, tô com o ** na mão.

Nathaly R. Cavalcante 15 de dezembro de 2010 às 17:51  

É uma pena, mas eu sei que as condições não são as ideais, mas na minha opinião, o menino é muito novinho pra ir pra escolinha, muito novinho pra ficar fora de casa, não falo só no caso da escola, mas os bebês precisam de mais tempo em casa, com a familia... sei lá, posso estar errada, mas essa é a minha opinião: bebês devem ficar com a mãe/pai enquanto são bebês.

Débora Accioly 15 de dezembro de 2010 às 22:03  

Sabe que vou anotar os seus errinhos para não cometê-los? Apesar de saber que cada criança é um universo particular, é sempre bom ter experiências dos outros pra ajudar! Mas relaxa.. com o "tempo" tudo se resolve? kkkkkkkk
Adorei!

Martha 15 de dezembro de 2010 às 22:06  

Nanda,
Vital passou por duas escolinhas antes de ficar nesta atual. A primeira só deixei ele uma semana, não tinha essa disponibilidade que você tem e ele só tinha 1 ano e 3 meses. Um dia, tive que deixar ele chorando, me acabei de chorar enquanto ia pro trabalho. Resultado: casa. A segunda tentativa foi com 2 anos e 8 meses, quando ele começou a pedir pra ir pra escola (todos os amigos do prédio iam e tals). Visitei umas tantas escolas, escolhi junto com ele (porque eu queria ver como ele seria recebido e tals e, nessa escola que escolhemos, ele até lanchou). Ele começou empolgadíssimo, mas passou de um querer muito ir pra escola para um desesperado não querer, chorar antes de ir, chorar pra ficar. Um desespero. Por sorte, dessa vez, eu tinha disponibilidade de acompanhá-lo todas as manhãs. Resultado, só durou 3 semanas (um avanço!). Hesitei em colocá-lo em outra escola, mas finalmente decidi, junto com ele e a diretora foi bem legal, deixou que ele fosse por uma semana sem fazer matrícula. E, incrivelmente, dessa vez não teve stress. Em 1 mês, ele estava totalmente adaptado. É claro que mudar professora, salinha meio que recomeça, sabe? Eu amava a outra professora, essa nem tanto... Acho que ela não tem muito tato... Mas também acho que ele já está bem crescidinho e tem que se defender.
Pois é, Nanda, eu não aguentei e tirei-o das outras duas escolas que o fizeram chorar... Podiam ser escolas ótimas, mas não eram a escola dele.

Nanda 15 de dezembro de 2010 às 22:50  

Érika, isso é o que mais me estressa. Se já começou assim, IMAGINA o que vem pela frente?

Aline, só dá pra torcer pro ano que vem mesmo. Porque esse já era e a escolinha foi um terror!

Dani, já te disse que eu te sigo na vida, cara.

Dani de Clarice, eu gostaria muito de ter deixado Ben em casa mais tempo, mas com a mudança, com os rolos com a babá, com a falta de grana, não rolou MESMO. Eu nunca imaginei que seria assim, sabe? Achei que ia ser bem mais tranquilo, então de repente a Clarice te surpreende e entra super numa boa, e você fica chupando dedo esperando aquela reação terrível... Bora torcer por essa opção?

Anninha! E eu contando com seu expertise em pedagogia pra me dar dicas preciosíssimas! Kkkkkkkk, a sua bebê vai estar cercada de mimos, afinal, não é todo mundo que é filho de coordenadora de escola! Hohoho!

Nathy, por mim o menino seria homeschooled até uns 6 anos, sério. Vou ver se no ano que vem vai rolar de trabalhar de casa, mandar ele pra escola só umas 3x por semana, de repente. Como estaremos em um apartamento maior, tudo diferente, espero que eu consiga trabalhar de casa com ele no mesmo ambiente. Por mim, seria absolutamente tudo diferente, digo que estou pagando a língua de tudo que prometi que não faria com meu filho. Mas se não der, é melhor uma escolinha chorando do que uma babá gritando! Hehe..

Débora, a ideia é essa mesmo! Colocar aqui umas dicas pra ajudar mães e pais de primeira viagem, ou de segunda, já que nenhuma viagem é igual a outra né! Espero que tenha lhe sido útil! :D

Marthita, esse comentário me fez pensar... Eu já estava certa de que Ben ficaria nessa escola no ano que vem, estou inclusive com a taxa de matrícula aqui em mãos pra poder reservar a vaga dele (é uma escola super pequena), mas e se não for a escola pra ele? E se ele nunca parar de chorar? Acho que vou aproveitar esse período de férias e fuçar um pouco mais pra ver se consigo outro espaço, vai ver que é isso mesmo! É uma excelente escola, mas não é a escola dele! Obrigada!!! ;D