Curtas de Goiânia

Ben e eu estamos passando uma temporada com os parentes de Goiânia. Sendo o mais novo, e único bebê da família inteira, que não é pequena, ele recebe toda e nenhuma atenção. Toda a atenção dos adultos e nenhuma atenção das crianças, alvo maior de seu interesse. Nessa dicotomia, surgem pérolas, muitas pérolas.  Viu a Hebe Camargo no Faustão e disse que era a bivó, por exemplo. Mais?

Essa é pro bonde da comunicação:

Quando vai chamar alguém, Benjamin prolonga a última letra do nome. É fácil quando o nome termina em vogal, dessa forma Guilherme vira "Guilermêêê", e mamãe vira "mamanhê". Quando é em consoante, ele é obrigado a recorrer para alternativas variadas, e o cunhado-torto Gleiton vira "Gleiton-uô". Já o vovô Marcos é elevado de seu posto de professor da veterinária para Mestre da Escola de Frankfurt. Ele vira o "vovô Marcuse". É Walter Benjamin reunindo os coleguinhas.

As frutas


Não tem jabuticaba em Maceió, portanto, Benjamin não conhecia a fruta, e muito menos o pé da fruta. Ficou muito empolgado quando viu na casa do primo um pé carregado das bolinhas pretas. Chupou a primeira e disse: "Qué mais uvinha".

Falando em gostar, ele se apegou especialmente à irmã-torta, que se chama Ligia. Na noite de Natal, superestimulado pela grande quantidade de pessoas, luzes e comida, Benjamin experimentou de tudo um pouco. Castanha, nozes, e a tal da lichia. Gostou da lichia, e soltou o comentário: "Liginha gostosa". Pegador.

As músicas


Como eu cheguei antes do meu aniversário, a família se reuniu para um almoço surpresa de parabéns pra mim. Benjamin, assustado com o tamanho da gangue, chorou e pediu colo. Parabéns o remete à escolinha. Eis que outro dia eu estou dando um lanche pra ele e o ouço cantando baixinho: "Palabéns pa você, data quilida, feli...z NATAL! FELIZ NATAL!" Confundiu tudo.

Aprendeu a música da baleia. Mas sua versão, cantada a plenos pulmões, é assim: "A seleia, a seleia, é amigo do silido." Tatuí e baleia foram excluídos por problemas de tradução.