14.10.09

Eat the green thing...

Aconteceu. O indevido, mas não improvável. Em vez de postar aqui um fato ocorrido na vida de Benjamin, dissertarei a respeito de um tema que foi clamado pelas massas. Que rumos o blog tomará depois disso, quem poderá saber? Existe um fator de peso que é o detalhe das fotos estarem no celular da minha irmã, trancafiados em seu quarto nesse momento, mas que fique aqui registrado que Benjamin (ante)ontem tomou seu primeiro banho de mar, e logo em seguida seu primeiro banho de piscina. Em breve farei uma melhor descrição ilustrada do momento, mas hoje retornaremos ao assunto comida.

Eu sou vegetariana. Um certo dia estava passeando por Porto de Galinhas e passei em frente a um açougue, no qual havia o que minha memória leva a acreditar ser uma vaca inteira pendurada, pingando sangue. Nunca mais comi carne vermelha. Como sempre fui fresca e nunca gostei de frutos do mar nem de quaisquer partes da galinha que contivessem veias ou similares, só comia peito de frango, o que, convenhamos, enjoa depois de uns dois anos. Esse é o motivo pelo qual me tornei vegetariana.

Conheci a PETA pouco antes de voltar a morar no Brasil, e quando cheguei aqui, o vegetarianismo estava na moda entre a galerinha do barulho com a qual costumava a andar. Todos se diziam pela libertação animal, anti-especismo, etc. e tal, um discurso muito bonitinho que me levou até a distribuir panfletos e comida vegetariana na frente do Mc Donald's e ir parar na delegacia de polícia por causa disso.

Aí eu entre na faculdade e descobri que o discurso pró-libertação animal era furado. Fiquei sem motivo para ser vegetariana, apenas o costume e o profundo nojo que me impedia de comer carne. A resposta de "por que você não come carne" passou a ser "porque não gosto" não para evitar discussões posteriores, mas simplesmente porque não havia outra resposta plausível.

Fiquei grávida, comi sushi (ooh, não pode!) e peixe frito na praia. Gostei. Arrancaram o menino da minha barriga, tentei comer peixe de novo e não gostei mais. Do sushi, gosto do cream cheese, então não faz muita diferença se tem ou não tem peixe. Aí meu lado verde aflorou e eu descobri uma nova razão para o meu vegetarianismo. É pelo meio-ambiente.

Então porque cargas d'água eu vou fazer de Ben um comedor de folhas?

Eu acredito que ao contrário do que o Anderson afirmou nos comentários do post passado, a escolha não é - ou não deveria ser - ser vegetariano ou não, e sim comer carne ou não. Ninguém come carne sem tempero, e dificilmente uma criança comeria carne entendendo que aquilo ali é um pedaço de um bicho morto. Aí vou pegar um livrinho de bichinhos da fazenda, apontar de um por um e mostrá-los no prato do papai, mortos. Pobre vaquinha MuuMuu...

...mentira, não vou fazer isso.

A questão é que eu acredito que a carne, ou o tempero da carne, vicia o paladar e não faz bem. Acredito também que grande parte das pessoas só come tanta carne hoje em dia por causa desse vício, dessa crença dos nossos pais e avós de que criança tem que comer carne para crescer saudável. Benjamin começou a comer há poucos dias, mas ainda não conhece o sabor do alho, do sal, da cebola, simplesmente porque ele precisa conhecer primeiro o real sabor dos alimentos antes de começar a prová-los temperados. Sim, a papinha do menino é insossa, mas ele adora. Se eu tivesse temperado a comida, ele não conheceria o sabor da papinha e só a aceitaria com o tempero. E dá-lhe sódio catapultando a pressão do pequenino.

Victor não é vegetariano. Passa longe disso. Eu juro que ele come até rato, e só não come pombos por questão de fratricídio. Mas ele também concorda que assim como doces, refrigerantes, frituras e porcarias em geral, crianças só querem o que lhes é incentivado a querer. Se eu não colocar caldo de fígado na papinha, ele nunca vai gostar do sabor (e QUEM além de Victor gosta disso, por favor?) Então até ele entendeu que Benjamin pode e deve ser privado de uma alimentação baseada em carne enquanto pudermos fazê-lo. E ambos concordamos - com um pouco de relutância da minha parte - que no momento em que ele demonstrar interesse em provar um pedaço da vaquinha MuuMuu, ele provará. Naquele incentivo materno de figa e dedos cruzados para que ele abomine o sabor e nunca queira saber de experimentar tecido morto novamente.

E claro, eu espero que esse interesse dele seja despertado apenas quando ele já tiver idade suficiente para entender o que é e de onde vem aquilo que ele deseja comer. E que Victor esteja sei lá, trabalhando, para que eu possa temperar a carne com um discurso sangrento e vídeos de matadouros. Ué, gente, Victor veste ele com um macacão do Palmeiras... O princípio é o mesmo. E ainda por cima, fica tudo no verde...

5 comentários:

Aline Tavares 14 de outubro de 2009 às 08:27  

Eu ADORO fígado! :P
Bruno quase não come carne (nem outras coisas). A galinha ele gostou e às vezes eu ponho na papinha, mas quando tem carne moída ele não se agrada muito não.
E eu adoro comida vegetariana, mas também adoro carne. Concordo que é vício, mas eu gosto, que se há de fazer.

Anne 14 de outubro de 2009 às 11:41  

Eu tb já fui vegetariana, pelo discurso anti-especista. Não se sustentou. Foi assim por um ano... numa ocasião de fragilidade, achei que não devia me privar de mais nada e voltei a comer seres oriundos do reino animal. =(
Uma pena, pena mesmo, que eu goste de comer de um tudo - inclusive carne, frango, peixe e mais um tanto de coisas que eram vivas e tinham sangue antes de ir pro meu prato. Confesso que não consigo assistir nem Globo Rural e que se eu visse novamente os vídeos "Earthlings" provavelmente ficaria mais um ano sem comer carne. Não sei se conseguirei, mais uma vez, suspender o consumo da carne. O futuro dirá!

Sobre os rumos do blog, relaxa: o assunto tem tudo a ver com desenvolvimento do Ben sim, afinal ele faz parte do planeta, ué!

E tomara que, quando ele crescer, não seja mais verde! Falo do Palmeiras, ué! rsrsrsrsrsrs

Beijos!

Anderson Santos 14 de outubro de 2009 às 14:05  

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Você consegue além de passar o bom texto, fazê-lo com muito humor. Acho que o Victor não acharia graça em ler isso: "Eu juro que ele come até rato, e só não come pombos por questão de fratricídio.". Mas para todo o resto da humanidade que o conhece é muito engraçado.

Não sou muito chegado a carne vermelha (odeio fígado e chaque), e como só em casos especiais (da carne). Só ñão largaria de jeito nenhum peixe e sururu. Mas deixa o Benjamin experimentar as coisas, ver como é.

Eu só vi uma reportagem sobre como sacrificam os animais há pouco tempo e é difícil, mesmo no caso do tal choque para que não sintam dor - é tão irracional quanto enfiar uma faca direto.

Ah, se eu não concordei que ele vestisse algo do Palmeiras jamais concordaria que fosse do Corinthians. Meu pai foi muito esperto em não me convencer a ser um sofredor corinthiano (huhuahuahua).

Lu Azevedo 14 de outubro de 2009 às 20:00  

Até que enfim encontrei alguem que nao gosta de frutos do mar como eu!Ehhh! Maaaaas por outro lado.... fico feliz que qdo fui a Porto de Galinhas não vi nenhuma vaca inteira pendurada e pingando sangue! Talvez seja por isso que ainda goste de carne vermelha (e branca), apesar de não comer tanto.

:-)

Jo M. E. Guerra de Carvalho 18 de outubro de 2009 às 19:40  

bem, contem comigo para engrossar o coro anti-frutos do mar...
Eu sempre fui carnívora, mas, não sei porque, não estou me sentindo bem mais comendo carne.
O Kevo não gosta de carne. Nunca gostou, e eu nunca forcei.
parabéns pelo blog! Acho que você está falando do seu Ben, do que pretende oferecer para ele. Bem ao estilo do antigo "carmencita veras" que eu mantinha, talvez... Mas eu acho isso válido, útil, bonito... Só não faço,porque, honestamente, não ando conseguindo escrever nada.