23.11.09

De dentro, de fora...

"Esse remédio é para o que?" - perguntou minha irmã mais nova ao me ver pingar as gotinhas homeopáticas na colherinha para dar pra Benjamin. (É sublingual, se você souber como aplicar 5 gotas embaixo da língua de um bebê sem amarrá-lo e sedá-lo me conta o segredo.) Eu não soube responder com exatidão. "É para tudo", arrisquei. "Mas ele tá doente de tudo?" - ela insistiu. "Não, não está doente de nada." repliquei. "Então pra que o remédio?"

Antes de Benjamin nascer, antes mesmo de eu saber qual seria o ginecologista a me acompanhar, eu sabia que ele seria tratado com homeopatia, e tratei de buscar o pediatra que acompanharia seu nascimento. Decidi que ele não tomaria a vitamina K (injeção na coxa dada após o nascimento que previne uma doença cujas estatísticas de ocorrência são baixíssimas - e que pode ser tratada com a aplicação tardia da injeção) e não seria aplicado o colírio de nitrato de prata (que previne conjuntivite bacteriana contraída no canal de parto CASO a mãe tenha sido testada positivamente para doenças - mas que também pode causar queimaduras na pele da criança e conjuntivite química...) e eu precisava de um neonatalogista (o médico que dá o tapinha na bunda do bebê) que concordasse com as minhas decisões de intervenções mínimas.

Claro que eu imaginava que ia espremer o menino pra fora da prexeca, pegar no colo e botar no peito, e não ia ter seu ninguém que o tirasse dos meus braços pra pesar, medir ou cafungar, mas isso não vem ao caso. Fomos na primeira pediatra homeopata da lista de três existentes em Maceió e a adoramos. Uau vocês querem um parto na água! Claro, não vou aplicar nada que vocês não quiserem. Podem me ligar assim que entrar em trabalho de parto - e assim foi. Mas ela não conseguiu chegar a tempo de assistir a cirurgia - bateu o carro a caminho do hospital e disse que "deus não quis que ela assistisse o nascimento".

O fato é que Benjamin foi amparado pela pediatra plantonista, que ficou chocada com as nossas escolhas. Eu ainda tenho pra mim que ela aplicou o colírio de nitrato de prata escondido de Victor (que eu mandei grudar nela e só sair de perto com o menino nos braços). E depois disso, deus parece que não quis que a primeira pediatra fizesse a puericultura (acompanhamento do desenvolvimento) de Benjamin e tivemos que encontrar outra, partir pra número 2 de 3.

A sorte é que a 2 de 3 é tudibom, adoro. Devo confessar que ficava um pouco encafifada quando eu comentava das master golfadas de Benjamin, ou sobre como a obstrução de seu canal lacrimal não queria ceder, ou sobre mil problemas que eu ficava catando no menino e a mulher só sorria, concordava com a cabeça e anotava na anamnese (termo que você provavelmente não conhece porque o seu pediatra não fazia com você!), e no final, passava o mesmo remédio de antes.

Aí eu parei de dar o remédio e mil coisinhas surgiam: uma prisão de ventre aqui, crise de vômitos ali, *cof*dermatite atópica*cof* acolá...

Durante toda minha vida eu tive uma alopata ao alcance do telefone, 24 horas por dia, 7 dias por semana, com visitas domiciliares diárias - minha mãe. Até depois de vir morar aqui em Maceió longe dela, se tivesse uma dor de cabeça ligava pra ela, pode ter certeza que ela prescreveria algum remédio. Meu sobrinho foi criado assim... Tá com brotoeja? Corticóide. Tossindo? Dá a Prevnar. Tudo via telefone. Eu nunca achei certo, mas nunca questionei, minha dor de cabeça passava e tava tudo ok, até a morte da minha mãe. Não, não foi por causa de complicações decorrentes de superdosagem medicinal, mas ela morreu, e isso que importa. Epifania.

Eu já falei aqui que tenho algumas convicções que sustentam minha forma de maternar (e gestar. E parir), e sair medicando meu filho a torto e a direito simplesmente não bate. Pra mim, fazia sentido "tratar o indivíduo, não a doença". Homeopatia. Meu filho é tratado com homeopatia não porque está ou é doente. Não porque precisa sempre de uma ajuda externa para manter a homeostase, mas porque sua médica identificou algumas partes fracas em seu sistema imunológico (causadas por minha não-aceitação inicial da gravidez, estado pré-depressivo, cesareana, etc.) e o ajuda a fortalecê-lo, justamente para que ele não fique doente.

Ganhei de minha irmã assim que cheguei da maternidade uma caixa de tylenol e uma caixa de luftal, "pra emergências." Benjamin nunca precisou, assim como depois que eu passei a dar a homeopatia certinha, como prescrita, seu sabonete de 60 reais e sua loção hidratante de 90 nunca mais foram necessários. O remédio homeopático custa cerca de 10 reais e só preciso fazê-lo a 45 dias. A Sonia Hirsch diz que "a saúde é subversiva porque não dá lucro a ninguém". E não é que mais uma vez ela está certa?

5 comentários:

Soraya 23 de novembro de 2009 às 22:30  

Ta bom vc me convenceu... vou marcar um homeopata!
auhahuauhahuahu
Tomara que ele melhore tudo de ruin em mim!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Beijossssssss

Anderson Santos 24 de novembro de 2009 às 16:50  

VocE^realmente virou uma super-especialista em tudo o que pode ser feito num bebê. Já sinto pena da "tia" da creche daqui a alguns anos...

Flavia C. 25 de novembro de 2009 às 10:54  

Eu continuo firme e forte com a homeopatia para a prisao de ventre de Pietra e, infelizmente, até agora nao resolveu!! Já mudei de homeopata, continuo dando suco de laranja, mamao, ameixa e nadica. Será que vou cair nas garras da alopatia??? Snifffffffff Bjs

Lu Azevedo 27 de novembro de 2009 às 00:27  

Pois é, cê sabe que onde moro nao tem pediatra, o que dirá homeopata. Dai fomos pra Perth semana passada e aproveitei pra visitar um homeopata na esperanca de conseguir substituir o remedio anti-refluxo.

O Nic simplesmente AMA tomar o tal remedinho, bate palma e ate melhora o humor. Mas a danadinha da homeopatia infelizmente nao esta fazendo nenhum efeito... Dai, diminui slightly a dosagem da alopatia e continuo dando o remedio gostosinho junto, na esperança de um dia o negocio funcionar... Agora, vou manter contato com o homeopata por telefone e correio. Vamos ver se ele muda as potencias e a homeopatia faz o efeito desejado.

Eh o que eu mais quero!

Anne 5 de dezembro de 2009 às 10:39  

Ei, Nanda, vou precisar do contato com essa médica pra assistir o meu baby quando ele nascer (e na hora do nascimento tb), viu? Bjos!