3.12.10

a + b + c = d

Antes de falar sobre os estudos de Benjamin, vou ser descarada e dizer que estou concorrendo ao 1º Prêmio Alagoano de Blogs. Acho que pode votar uma vez por dia, então esquenta esse mouse e clique como se não houvesse amanhã, porque se eu não ganhar, não terá, ao menos não para esse blog. #brinks

Mete a setinha na figurinha e me faça feliz:

É só clicar no S2, já dizia a Érika


Sendo a = o valor total de pagar uma babá vai além do salário que você paga a ela, mesmo que seja um salário mínimo, mais o vale transporte, refeições e afins; b = você está desempregada de pai e mãe e c = você pega a babá gritando com seu filho, que na época era um anjo de candura e nem você gritava com ele o resultado é d = demissão e consequente entrada na escolinha.

E foi assim que se deu a precoce introdução de Benjamin no meio acadêmico.

Escolher uma creche ou escola para seu filho deveria estar listada número 3 no ranking de decisões mais difíceis a serem tomadas. E eu, como boa pentelha estudiosa sobre desenvolvimento infantil que sou, tinha rixas com quase todas as pedagogias, e estava quase optando pelo Home Schooling pra me satisfazer 100%.

Em uma realidade menos radical, havia a pedagogia Waldorf, ali em Recife tem um jardim e a louca jurava que ia se mudar pra lá quando fosse a época de Ben entrar na escola. E aí a vida dá uma guinada de 180º no eixo horizontal e eu tenho que botar o menino antes, e não tenho dinheiro nem pra pagar o aluguel.

Era o final de setembro, aquele período em que as escolas param de aceitar alunos e começam a buscar novos. Eu tinha poucos locais como referência, alguns muito acima do que eu poderia pagar e outros muito mais longe do que eu poderia levar, então a busca ficou muito, mas muito limitada.

Vou explicar: eu tenho birra com a pedagogia sócio-construtivista. É, aquela pedagogia que todas as escolas modernetes dizem aplicar, Jean Piaget e coisa e tal. Inserir o conteúdo na realidade da criança, nada destacado, eu aprendo matemática contando os meus brinquedos, e coisa e tal. É uma pedagogia extremamente complexa e interessante, o que a torna extremamente difícil de ser bem aplicada. Galera pega uma lista de enxoval de bebê e manda de tarefa de casa "Quantas fraldas um nenê precisa?", isso numa das escolas em que fui.

Mas se eu tenho birra do sócio-construtivismo, a pedagogia tradicional me dá arrepios. Dá certo? Dá. Mas o prazer em aprender fica aonde? O fato da maior parte das escolas daqui ser um misto de sócio-construtivismo com tradicional (não vou destacar a criança da realidade, mas com 3 anos já mando um dever de casa), limitava minhas opções a quase zero.

Um belo dia catei um panfleto de uma creche-escola no restaurante que costumamos almoçar aos sábados e olhaí, bonitinho, limpinho, serviço de nutrição, possibilidade de período integral, vamos conhecer.

De cara, não gostei. A salinha do sensório-motor (nome sócio-construtivista para o maternal) tinha o alfabeto e os números de 1 a 15 na parede. Oi, meu filho aprendeu a andar agora, deixa o abstrato pra depois. E falando em andar, cadê a área verde?  Não há. Mas a escola pequena, extremamente limpa, a equipe toda conhecia todos os alunos, uma possibilidade.

Aí a outra opção era o extremo oposto. Só tinha área verde. As salas de aula eram em um galpão mal-pintado, tudo muito escuro, sem janela, mesas altas demais para um bebê de 1 ano e meio e crianças velhas demais. Qual a pedagogia? "O que, senhora?" "A pedagogia. Qual método de ensino vocês utilizam aqui?" "Ih. Não sei. Vou ter que perguntar pra dona, a senhora quer deixar o número de telefone?" Sim, estava falando com uma das professoras.

Então arreguei, né. Sócio-construtivismo, dá cá a mão. Quando Ben conheceu a escolinha, achou a coisa mais fantástica do mundo, não queria ir embora. Mas quando entendeu que o negócio era pra valer, retrocesso. Passei uma semana inteira indo com ele todos os dias, e ele grudou. Só queria mamar, se recusava a vestir o uniforme, todo um retrocesso.

Aliás, até hoje. "Qué icolinha não" é a frase que eu mais ouço pela manhã, na hora do almoço se intensifica, chegando a um pico na hora de vestir o uniforme. Mas não é culpa da escolinha, ele não é maltratado ou sofre bullying por lá (apesar de já ter levado uns tabefes, que eu vi). Até porque Ben é um tagarela e um fofoqueiro, então ele sempre me conta tudo que acontece na escola, ou em casa, ou na rua.

Eu ainda estou procurando entender o motivo de tanto desgosto pra ir pra escola, até porque quando ele chega na sala, chora por 5 segundos e vai brincar numa boa. Minha teoria é de que Benjamin joga um "se colar, colou", e faz um drama pra ver se eu deixo ele não ir e passar a tarde comigo. Se não colou, se resigna à sua condição de estudante e vai decorar a tabuada. Dentro da sua realidade, é claro: com quantos peitos se faz um bebê independente?

1 comentários:

Débora Accioly 15 de dezembro de 2010 às 22:12  

Gente, aMEI isso aqui! hehehehe

Uma amiga psicologa ja me induziu ao socio-construtivismo. Eu? Vou deixar chegar mais perto!

Destaque para a partepreferida:
Até porque Ben é um tagarela e um fofoqueiro, então ele sempre me conta tudo que acontece na escola, ou em casa, ou na rua.