29.9.09

Ai meus sais

Ontem fomos comprar os apetrechos alimentícios de Benjamin, que sábado completa 6 meses mas já está louco para começar a comer. Ataca meu prato, enche a mão de mandioca e enfia tudo na boca, achando uma delícia. Ainda bem que prato de vegetariano só tem salada, não deu pra ele se queimar com nada, HAHAHA. Not. Outro dia estava com ele no sling fazendo cookies e respingou banana amassada no coitado (vida de filho de mãe, alguém disse que é fácil?), ele adorou! Será que vai dar pra falar que foram 6 meses de amamentação exclusiva?

Enfim, como eu sou uma pessoa desmotorizada - descoordenada e descerebrada para conseguir ter uma carteira de motorista - preciso pegar bigú quando minha irmã sai pra resolver os inúmeros assuntos burocráticos dessa residência, o que inclui passar no banco. Banco é um lugar cheio de velhinhos, e velhinhos, como eu já falei, são em sua maioria, sem-noção. Estou lá com o menino zonzo de sono, metido no sling e eles vêm, com dedos que acabaram de sacar a aposentadoria do caixa eletrônico, e apertam as bochechas (até porque é difícil apertar outra coisa em Benjamin, visto que 90% de seu corpo são bochechas) do rapaz.

Criatura adorável que sou, espero eles se distrairem, enfio o menino mais fundo no sling e viro de forma que Benjamin fique fora de alcance. O vovôzinho simpático me gira pelo ombro para corrigir essa falta de educação, tchuc-tchuc no bebê de novo. Tchau, vou esperar no carro e fui.

Acho isso meio absurdo. Não é pelo fato de ter acabado de pegar em dinheiro e vir pegar no rosto de um bebê, não é pelo fato de que apesar de estar no sling para ser protegido de dedos alheios, ele chama tanta atenção lá dentro que o efeito é inverso, é pelo fato de que por mais que você ache a vizinha do 102 adorável, você NUNCA apertaria as bochechas dela no elevador se não se conhecessem um pouco mais intimamente.

Vale também pra bater, mesmo tapinha na mão. Victor e eu brigamos sempre, mas eu nunca viro uma mãozada na cara dele quando ele deixa a tampa do vaso levantada porque somos adultos e nos respeitamos (na maior parte do tempo) - e porque ele é muito maior do que eu e acho que a Lei Maria da Penha não vale pra auto-defesa - por que eu seria diferente com meu filho?

Essa falta de respeito com bebês e crianças em geral muito me enerva - e o que não me enerva? - porque é uma falta de respeito generalizada. Uma conhecida fez cesa eletiva (separação brusca #1), não amamentou por opção (separação brusca #2) e voltou da licença-maternidade antes do tempo previsto por lei, deixando o bebê com a avó (separação brusca #3), e eu a ouço falar que seu bebê é muito chato.  Não só ela, como a mãe dela, a filha mais velha, todas falam do bebê e para o bebê. "Toma, leva pra casa que esse menino é muito chato". "Nossa, como Benjamin é calminho, meu filho nunca ficaria brincando sozinho assim, ele só quer colo, é muito chato."

Porque bebês não sabem expressar seu desconforto em palavras, porque eles são criaturas tão dependentes, os adultos suprassumo da sapiência, os desrespeitam. Aqui não, seu João. Nesse bebê ninguém mete a mão.  #poeta

10 comentários:

Érika Zemuner 29 de setembro de 2009 às 16:40  

Estou mais tranquila agora. Eu não tenho muita paciência com criança e muito menos jeito e simpatia, então sempre ignoro bebês, mesmo que sejam lindos e fofos. Simplesmente acho que não tenho nada com isso, sabe?

Eu achava que isso poderia ser visto como extrema antipatia e antissociabilidade (o que não deixa de ser), mas já que este é um relato de uma mãe consciente, deixarei de sentir esse mínimo de culpa.

Soraya 29 de setembro de 2009 às 20:21  

Ain tadinho do bebe "chato"... Da ele pra mim que eu quero \o/
Acho um saco o povo meter a mão nos bebes mesmo.. por isso eu gosto da sobra de pano do sling... vc tampa e fala que é sacola de arroz huahuahuahua
Beijos

Lu Azevedo 29 de setembro de 2009 às 21:41  

Ô Nanda, sabe que vc me fez perceber que se tem uma coisa que eu não me importo é que pessoas desconhecidas brinquem com o Nicolas?! Mas por outro lado, nunca me meto com filho de outros... (principalmente por que morro de medo deles se assustarem comigo e comecarem a chorar!)

E que bacana que o Ben ja mostra tanto interesse por comida!!! Com o Nicolas foi o oposto e so agora estamos engrenando... :0

Beijos!

Nanda 29 de setembro de 2009 às 22:58  

Érika, eu também nunca fui muito de mexer com bebês alheios, talvez como a Lu era medo de ser rejeitada, haha. Mas hoje em dia eu brinco com eles sim, só conversando, evito de tocar, acho o fim.

Soraya, Benjamin não se deixa cobrir. Ele curte ver o mundo, sorrir pra rapeize... Parece o pai, todo diplomático.

Lu, eu não ligo que brinquem com ele não, entendo que é meio automático das pessoas falarem com bebês. Meu problema é irem metendo a mão, pegando na mãozinha, dando cheiro na cabeça... Pedir licença é o mínimo, que aí eu ofereço o álcool em gel que tenho sempre na mochila, mas o cara tinha acabado de sacar dinheiro, super sujo, ah não! Hahaha...

Dani Franco 30 de setembro de 2009 às 18:47  

Oi Nanda, não disse que mudei depois da chegada da Clarice, mas sim que passei a ter mais esperança no mundo depois dela. A questão da mochila espiritual já vinha sendo esvaziada muito antes dela chegar, tanto que seu nascimento é consequencia disso também.

Também fico fula da vida quando o povo vem pegar na Clarice. E faço cara de má mesmo, dessas de bruxa de desenho da disney. Se me perguntam então se podem pegar, digo, desculpa, mas ELA se irrita. KKKKK.

Olha, tu acreditas que sonhei contigo? Um dia antes de postares lá no meu blog!!! Engraçado é que estavas de jeans e blusa de frio cor de rosa.

Bjs

Anderson Santos 30 de setembro de 2009 às 18:56  

Detesto ver pessoas que apertam bochechas de crianças. Não lembro de ver nenhuma criança rindo por causa disso.

Lu Azevedo 30 de setembro de 2009 às 21:30  

É Nanda, cê tem razao... dedos sujos nao combinam com bebês de jeito nenhum... Mas no caso do Ben que ja nao quer saber de ficar escondido no sling, talvez o jeito vai ser andar com o frasco de alcool na mao. Se nao der tempo de interromper o intruso, ou mesmo jogar o gel nos dedos dele (lol), vc bate no sujeito com o frasco! hahaha

Beijos!

Anne 1 de outubro de 2009 às 18:01  

Nanda, fia... mesmo sem nos conhecer muito bem pessoalmente temos uma sintonia interessante; ou, no mínimo, pensamos frequentemente sobre os mesmos assuntos.

Ainda eeses dias estava conversando com algumas amigas e falando o quanto julgo absurdo o hábito do pessoal em dispor do corpo da criança para o seu bel prazer.

Posso ser rotulada de louca, mas não acho legal essa história de beijo em boca de nenê (nem dos pais, o corpo é do bebê), carinhos invasivos em partes íntimas (tem pais que fazem e não acham nada demais), fora os tapinhas que os pais sentem-se no direito de dar e os carinhos que os estranhos acham que podem.

Aliás, antes mesmo do bebê nascer tem gente que acha que barriga de grávida é patrimônio público e quer passar a mão, affffff. Nunca estive grávida, mas tenho pra mim que não iria gostar nem um pouquinho disso.

Enfim, essa é a minha opinião maluca (ou será que a opinião dos outros é que é maluca???).

Beijocas!

Anne 1 de outubro de 2009 às 18:06  

Ri muito com a ideia da Luciana, kkkkkk. Se não der tempo de jogar álcool na mão do dito cujo, tasca-lhe uma garrafada! kkkkkk

Aline Tavares 2 de outubro de 2009 às 14:22  

Rá. Eu sou super anti-social.
Toda vez que estou com Bruno no sling (sempre) e chega alguém muito efusivo eu faço cara de desconfiada. Quando vão metendo a mão (quase sempre) eu vou logo me afastando (delicadamente - se é que isso é possível).
Ninguém chega pra falar com um desconhecido passando a mão, pq isso com os bebês? :P

Beijos.