11.7.10

Quanto custa?

Eu gosto muito de Glee. Em um dos episódios da primeira metade da primeira temporada, tem uma menina grávida que diz que o pai do filho dela é um, mas na verdade é outro, e esse outro pai é um puta de um mau-caráter. Daí ele rouba pra ela na loja um livro intitulado "How to raise a child with 5 dolars a day" ou algo do tipo. Me identifico, né.

Crie um filho com bem menos dinheiro do que você espera, pergunte-me como.

Ben é um bebê extremamente saudável. Nunca teve refluxo, alergia à proteínas do leite e/ou lactose ou a qualquer alimento, nunca teve nenhuma patologia que exigisse cuidados especiais, alimentação especial, enfim.

Claro que há uma enormidade genética que contribui para isso, mas alguns fatores eu acredito terem sido essenciais. Bora lá?

a) AMAMENTAÇÃO EXCLUSIVA ATÉ OS SEIS MESES.

- Eu sou praticamente uma adolescente, tá (cof cof) e todos sabemos que adolescentes não comem de forma saudável nem para o próprio filho (mentira, mas olha, deixa eu completar minha linha de raciocínio). No começo da gravidez, a única coisa que parava no meu estômago era sorvete. Eu comia litros e litros de sorvete diariamente. No final da gravidez já era um pouco diferente, eu conseguia fazer uma pizza inteira caber no meu estômago com facilidade. E mesmo assim, engordei apenas 11kg no total. Já estava um pouco acima do peso ao engravidar, isso contribuiu para um ganho menor de peso, e eu fiz "exercícios" (1 mês de hidroginástica e yoga caseira 2x por semana contam como exercícios).

Quando Ben nasceu, eu até tentei começar a comer direitinho, mas durou apenas o período de resguardo, quando as pessoas levavam comida na cama pra mim e eu podia acordar todo mundo de madrugada porque precisava do meu lanche noturno. A partir do momento em que as pessoas perceberam que minha barriga não ia abrir ao meio se eu descesse as escadas sozinha (tks, cesárea, te dedico), eu fiquei novamente responsável pela minha alimentação e a coisa deslanchou. E apesar de um tempo termos suspeitado que Ben tinha alergia às proteínas do leite, isso se provou uma inverdade e eu nunca fui um exemplo de alimentação saudável durante o período de amamentação. E ainda assim ele nunca teve uma virose nesse período. Isso quer dizer que mesmo que você se alimente mal, seu leite é o melhor para o seu filho. Mesmo que você seja anêmica, desnutrida, IMC abaixo de onze e tome óleo de fritura no café da manhã, seu leite é o melhor para o seu filho.

E adivinha só? Ele é de GRAÇA. Isso. Vem em uma embalagem prática, não precisa aquecer, não precisa misturar, não precisa levar uma bolsa térmica pouco anatômica para todos os lugares.

Eu nem sei quanto custa uma lata de leite em pó. Nem quanto custa uma mamadeira. Benjamin nunca usou mamadeira. Nunca colocou uma na boca, porque quando eu deixava meu leite ordenhado para ir à faculdade, ele tomava em um copinho de cachaça (R$1,00).

Para a finalidade desse post, vamos calcular quanto a amamentação exclusiva economiza em média:

Uma lata de 800g leite em pó custa na farmácia online em média R$33,00. Diz o yahoo respostas que cada lata dura 1 semana. Até 6 meses, você teria gasto R$792,00 só com leite.

Aí tem a mamadeira. Aparentemente, elas acompanham o estágio de dentição dos bebês, tamanho da boca, enfim. Você precisaria em média de 2 por trimestre. E segundo os sites de bebês, elas custam em média R$15,00. São mais R$60,00 que você economizou.

E a chupeta, porque se o bebê só suga na hora da alimentação, ele vai precisar de uma válvula de escape para esse reflexo natural. Se você o deixar chupar o dedo (o que ele pode fazer mesmo se for amamentado exclusivamente e não é nenhum problema), ajuda, mas ele provavelmente vai precisar de chupeta nas horas mais punks. Quanto? R$11,00 a unidade. 3 por bimestre. R$99,00 a menos no orçamento.

Aí vem os acessórios, bolsa térmica para levar a tal mamadeira para todos os lugares (R$50,00), escova para limpa-la (R$10,00), caixa para chupeta (R$5,00), aquecedor, esterelizador, íons termodinâmicos para ativar as proteínas hidrolisadas das nanopartículas do leite, inventam muita coisa inútil para bebês que não são amamentados. Vamos arredondar para R$150,00, porque sou otimista.

TOTAL DE ECONOMIA: R$1.101,00 


b) HOMEOPATIA

O único remédio alopático que eu já precisei comprar para Benjamin foi um colírio. Por causa do ducto lacrimal obstruído, ele tem conjuntivite de repetição, que normalmente eu já percebo logo e curo com leite materno (sim, funciona, LEITE MATERNO PARA CONJUNTIVITE chama-trouxa google). Então o vidrinho de colírio, que tem tipo 7ml, está aqui em casa desde que ele tem 15 dias de idade (tenho até que verificar a data de validade).

Uma dermatologista louca disse que ele tinha dermatite atópica. Comprei cremes caríssimos e era mentira. Várias médicas da emergência receitaram antitérmico, antiviral, antibacteriano e sei lá mais o que, nunca comprei, nunca precisou.

Nem sei quanto eu teria gasto de remédio até hoje, mas teria sido pouco porque Benjamin dificilmente fica doente (amamentação wins novamente), mas com certeza teria sido mais do que os R$10,00 bimestrais que gasto com sua homeopatia de rotina.

Então vamos fazer um cálculo de memória com os remédios que já foram receitados pra ele até hoje. Os cremes da "dermatite atópica" duravam 1 mês, e o hidratante custava R$60,00 e o sabonete gel custava R$40,00. Nas duas viroses que ele teve, foi receitado anti-térmico, R$15,00 cada vidro. Durante a crise de roséola+herpangite, foram mais alguns remédios que eu não me recordo e joguei a receita fora, mas por alto seria no mínimo mais R$30,00.

TOTAL: R$1.190,00

c) ALIMENTAÇÃO CASEIRA

Ben nunca provou papinha da Nestle. Nunca, nem em saídas, nem em viagens de carro para Recife. Se algum dia tivesse precisado, em uma emergência da emergência, eu não teria conseguido dar para ele, teria pedido a alguém para fazê-lo, esse é o tamanho do meu repúdio por essas "comidas de múmia", como diz Sônia Hirsch.

É, todo o cuidado que eu não tenho com a minha alimentação, sobra pra de Benjamin. Então assim, desde os seis meses que eu estou às voltas com leituras de livros sobre alimentação infantil, a própria Sonia Hirsch e a Pat Feldman me ajudaram bastante na definição de linhas-guia para a alimentação de Ben.

E claro, ser saudável não é barato. Um pote de 750ml de óleo de côco custa R$35,00, por exemplo. Quinoa é caro, amaranto mais ainda, 1kg de arroz sete grãos sai a R$7,50. Nem vou falar dos vegetais orgânicos até porque desencanei um pouco disso, já que é muito difícil encontrar outras coisas que não folhagens aqui em Maceió, então fica combinado assim, Ben come comida "de panela" desde os 9 meses, então teriam sido 3 meses em papinhas da Nestle.

Nesses três meses, eu gastei em média R$75,00 com ingredientes especiais para suas papinhas, nessa conta estão inclusos os vegetais que foram comprados para uso geral da casa, não apenas as farinhas e óleos específicos. R$225,00


Se fossem papinhas da Nestle, quanto teria sido? 1 por dia até 7 meses, 2 por dia nos próximos 2 meses, R$3,50 por pote, R$525,00, e é isso mesmo, gente? Tô certa? Nem sei fazer cálculo de papinha enlatada, foi mal.

TOTAL: R$300,00

d) FRALDAS DE PANO

Eu não vou nem entrar na questão ecológica aqui, viu. E vou fazer os cálculos usando as fraldas descartáveis que uso em Benjamin e as fraldas de pano que uso nele também.

Um pacote gigantorme de Pampers Noturna & Diurna custa em média R$38,00 (na promoção, quando eu aproveito para comprar vários pacotes que duram uma eternidade). Quando usávamos fraldas descartáveis exclusivamente, uma pacote gigantorme durava 1 1/2 semanas. O que daria R$95,00 por mês. O que daria R$1.140,00 por um ano, e um monte de lixo mais alto do que você com seu filho na sua corcunda. Ou eu com o meu, pelo menos.

O nosso investimento em fraldas de pano até hoje foram exatos R$755,00, give or take alguns fretes. Começamos com uma marca nacional chamada Mamãe Natureza e somos muito felizes com ela, mas apenas para uso diurno. Usamos importadas para sair e para dormir e não precisamos mais das descartáveis, só em emergências muito emergenciais tipo ficar sem fralda seca (o que não ocorre mais porque eu fiz um estoque considerável de fraldas de pano e estamos perfeitamente seguros agora).

Ah! E como não se pode usar pomadas com fraldas de pano (e elas assam bem menos, também), eu economizo nisso também. 1 tubo de pomada (eu ainda tenho 3 fechados, comprados antes de Ben nascer) dura 1 mês? Nem sei. E custa em média R$13,00. No primeiro ano, seriam R$156,00 a menos. Até o desfralde, R$468,00. Descontando os sei lá, R$15,00 de maisena que seriam gastos nesse período de tempo, se você for comprar maisena exclusivamente para isso (o que é difícil), R$453,00

A economia a curto prazo não parece ser muita coisa, principalmente porque você pode fazer chá de fraldas e conseguir passar boa parte desse primeiro ano sem gastar com fraldas, são apenas R$385,00 mas veja bem, meu bem. A maior parte das fraldas de pano é OneSize, ou seja, servem de RN até GG. Se você tem mais de um filho usando fraldas, elas podem ser compartilhadas. E se você planeja ter mais de um filho, elas podem ser guardadas para os próximos (é o meu caso). Elas duram bastante, a economia é a longo prazo mesmo. Se Ben for usar fraldas até os 3 anos (pode ser antes, pois as fraldas de pano auxiliam no desfralde precoce, mas se for depois, não estou preocupada), já são mais R$2.280 que irei economizar nos próximos 2 anos. Ou seja:

TOTAL: R$3.118,00 (nesse eu tive que roubar e fazer o cálculo a longo prazo, porque ia perder o sensacionalismo e isso ia me fazer menos jornalista)

e) NADA DE SUPÉRFLUOS

Quer dizer, mais ou menos. Claro que eu vivo comprando sapatos diferentes pra ele no Ebay (que saem por R$30,00 o par, quer dizer, mais barato do que muito sapato daqui), e bodies e camisas de banda, por exemplo, além de comprar livros infantis que ele nem me deixa terminar de ler, mas hey, olha o quanto eu economizei acima.

Mas vejam bem: moramos em Maceió. Aqui faz calor. O dia. Inteiro. Por que Benjamin teria um guarda-roupa lotado (eu ainda nem sei por quê ele TEM um guarda-roupa, mas enfim) se ele passa o dia inteiro só de fraldas e descalço?

Desde o nascimento, 70% de suas roupas são doadas e os 30% restantes são comprados por minha irmã que adora encher todos da casa de roupas (isso me inclui e eu acho muito bom, continue assim). Ele ainda recebe doações periódicas de uma amiga que tem um filho pouco mais velho que ele, e olha, isso faz uma diferença enorme na minha vida.

Agora no período de chuvas, ele fica de regata (3 por R$10,00) e chinelos, ou um sapato-meia que eu comprei e é tudo de bom.

Ah! A cama compartilhada também pode economizar no berço, se você quiser. Ou em 3 berços, o que é o caso de Benjamin.

E acessórios: sling em vez de um carrinho super chique (o de Ben é estilo guarda-chuva e foi super barato, aliás, pra mim foi de graça, porque foi presente), não usamos andador, vegetais congelados em vez de mordedores.

E os itens de comer. Quando ele começou a introdução de alimentos eu corri pra comprar o que havia de mais moderno na alimentação infantil. Um prato com ventosa, talheres de silicone que mudavam de cor com a temperatura, um copo com válvula removível que ao ser colocado no freezer mantinha a bebida gelada por muito tempo.

E meu filho, sábio filho, prefere comer em um prato de sobremesa (cabe mais), com uma colher de metal (cabe mais) e um copo de champignon reciclado (ele é ecológico). Então né, já aprendi pro próximo filho.

Nem sei mensurar o total de economia, sei que é muito, mas nem vou levar em consideração porque não é todo mundo que tem de quem herdar roupas e não é todo mundo que mora em um inferno disfarçado de clima tropical-úmido.

TOTAL: Imensurável

E há de se levar em consideração de que todas essas coisas são interligadas né. O fato de sua alimentação ser totalmente saudável influencia na sua boa saúde, assim como o fato de ele ter sido amamentado exclusivamente até os seis meses e até hoje. E o fato de eu ser uma mãe totalmente sem frescura (tira essa lagarta da boca, menino!), ajuda um pouco, porque o que ele já criou de anticorpos não tá escrito.

E se você chegou até aqui e economizou alguma coisa com as minhas dicas, favor depositar na minha conta. Tenho Banco do Brasil e Caixa.

Att.,

Viciada em Fraldas de Pano e Livros Infantis

7 comentários:

Érika Zemuner 12 de julho de 2010 às 00:19  

É, a parte das roupas, pelo menos aqui em Curitiba, seria FAIL. Aliás, morar no frio custa caro, viu. A cada estação é uma bota que tá na moda, um tipo de casaco, etc. Eu não acompanho, claro, mas tem gente que ama essas frescuras (minha irmã).

E assim, tem gente que PAGA pelas fraldas descartáveis só por não ter que fazer o serviço desagradável de lavar as de pano. Eu seria uma, se eu pretendesse ter filhos, claro.

Mas na parte da amamentação, total de acordo. Eu fui a que minha mãe amamentou por mais tempo e, não por acaso, era a que menos ficava doente. Depois eu cresci e fodi com a minha alimentação (minha mãe não era você e não me proibiu de comer doces, muito açúcar, etc), mas até hoje minha irmã é cheia de alergias, problemas de intestino e eu não tenho nada disso. Leite da mamãe wins mesmo (lembrando que eu tenho 25 anos e ainda me beneficio de uma amamentação mais longa).

Bruno 12 de julho de 2010 às 01:11  

Descobri essa semana que eu só quis mamar até os 6 meses. Isso provavelmente explica minha constituição física avantajada. De resto, quem te viu, quem te vê, Fernanda Café, de burguesinha socialite a mãe conservadora/econômica.

Kah 12 de julho de 2010 às 20:11  

Cheguei a conclusão que filho não gasta muito, quem gasta exageradamente são os pais.
Eu tenho basicamente os mesmo gastos que os seus, e também sou adolescente (!! 20 aninhos, pô). E, por incrível que pareça!, eu sai e comprei os mesmos apetrechos que os seus para a alimentação (esses talheres que mudam de cor com muito calor são furada!), e ela gosta de comer tudo chupando na mão. Beijos

Anne 13 de julho de 2010 às 10:11  

Sou sua fã, quando crescer quero ser assim, rsrsrs. Beijos.

Shuellen 14 de julho de 2010 às 10:42  

Sim... Mãe sem frescura agora, né???
Vitamina S, a melhor coisa para todos! ahahahahhaha
beijos

Anderson Santos 14 de julho de 2010 às 16:50  

Hehehehehehehehe

Fernanda, não pensa em escrever um livro com essa experiência toda? Você tem um nível de ironia sensacional até mesmo quando critica alguém - como no caso da campanha com a Cláudia Leitte. Nunca li livro algum sobre como criar filhos, mas com os seus posts dá para apreender muito e ainda rir no meio do percurso.

Ah, só para registrar, concordo com o Bruno - aliás, já tinha notado uma diferença grande antes mesmo da geração do Benjamin.

Carol 3 de agosto de 2010 às 09:41  

Vc é demais!!!

tenho certeza q vou usar TODAS as suas dicas quando tiver meus filhos!

beijos